A morte da minha mãe!


Quando pensei em escrever sobre a morte da minha mãe, pensei em escrever sobre a perda da minha mãe. Eis que me deparei com a realidade de que a morte é muito mais que uma perda, é uma crueldade para sempre, não tem retorno, não tem perspectiva, não tem fim.

Se passaram sete meses e sinto um desespero infinito, esse choque com a realidade que sua existência acabou, que não vou poder tocá-la e nem vê-la nunca, nunca mais. A não ser pela religiosidade, que me permite pensar num encontro no além, sem a menor hipótese de ser certeza que isso ocorrerá. Então, a morte agora representa o  fim!

Sinto esse desespero me sufocar, me doer a alma, o coração, os pensamentos, a razão.

Nada parece me confortar. Nem mesmo o fato de ter a consciência e a inteligência suficientes para saber que mamãe não estava comigo há tempos, que ela precisava ir, descansar como dizem, parar de sofrer e todas essas verdades que parecem sem fundamento algum  quando penso que não vou vê-la mais, simples assim.

Seria egoísmo de minha parte? penso que não, apenas penso que ninguém deveria morrer, de jeito algum, muito menos a minha mãe que levou consigo uma parte de mim, da minha história, da minha alegria e me deixou me sentindo sozinha, órfão de novo. Sim, de novo!! acho que é um fato a se pensar.

Tento encarar o fato de que me sinto partida, vazia, como jamais pensei que seria quando ela se fosse. Passei anos me preparando para o momento, me despedindo e dizendo a ela que sua missão estava cumprida, que já éramos todos adultos e ela poderia ir sossegada. Todas as palavras eram e continuam sendo verdadeiras. Eu só não sabia como ia doer quando ela de fato se fosse!!

Aconteceu tudo diferente do que imaginei. Sim, imaginei a morte da minha mãe inúmeras vezes, pensei como receberia a notícia, como seria minha reação, quem iria estar comigo ou iria no velório. Pensei em não vê-la morta para guardar a sua imagem viva, pensei que voltaria a trabalhar no dia seguinte, para não ficar em casa chorando....pensei, pensei...e nada fiz.

Quando recebi a notícia eu me perguntei , como assim?? pois no fundo, no fundo, achava qiue minha mãe era imortal. Não era possível que ela tão forte, resistente, lutadora, com tanto medo de morrer tivesse partido, como me disseram quando recebi o telefonema do aviso. Não acreditei!!

Também pensei que iria organizar todo o funeral, acolher minhas irmãs e que seria lúcida e realista naquele momento.

Quanta ilusão!! ao vê-la morta o chão se abriu para mim e lhe disse: e agora minha mãe, eu fiquei aqui sozinha!! logo me desculpei  lhe dizendo  que  eu não estava só, pois tenho filhos, marido, irmãs, família grande, amigos. Quanta ilusão, de novo! eu fiquei sozinha de mãe, agora percebo quanta verdade havia nas minhas palavras.

A memória está mais latentente, lembro de muitos detalhes, cheiros, gostos....lembro de coisas ruins também, mas o que não esqueço mesmo é do seu colo, de quando me fazia acreditar que eu era bonita e inteligente, quando me dava broncas ou quando dizia que me amava. Tive  a sorte de ouvi-lá 9 dias antes de morrer, tendo um momento de lucidez e me chamando de filha, dizendo que me amava.

Essa parte minha que ficou por aqui está sofrendo e tentando se recompor, entender que o ciclo da vida é esse mesmo, mas que nada e nenhum entendimento sobre essa verdade, é mais forte do que a saudades.

Desejo arduamente que eu melhore, que eu cure meu coração dessa angústia da ausência, que mamãe não se aflinja se souber da minha dor, que ela realmente esteja em paz, porque é merecedora. Nós merecemos a paz, não é minha mãe?

Mas, de verdade verdadeira, o que eu queria mesmo é que ela estivesse aqui. Saudável, feliz, contando suas histórias, fazendo suas maluquices,  perto de mim,  para sempre.

Te amo mãezinha, como sempre amei !! até um dia, espero!! no meu coração você está viva como nunca!!

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